Janeiro Branco – Gravidez e saúde mental

Você conhece o movimento Janeiro Branco? Ele foi criado e promovido por psicólogos que desde 2014 convidam todos a discutir a importância dos cuidados com a saúde mental. Essa é uma preocupação para qualquer gestante. Segundo dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 10% das mulheres grávidas e de 13% das mulheres no pós-parto é acometida por algum problema de saúde mental, principalmente a depressão. Mas também é comum ansiedade, transtorno de estresse pós-traumático, transtorno de pânico e outras fobias.
Tanto a gestação como o parto são períodos da vida de uma mulher que envolvem inúmeras alterações físicas, hormonais, psíquicas e sociais, e isso reflete diretamente na saúde mental. É importante que as mulheres entendam que não existe uma forma certa ou errada de se sentir durante a gravidez, suas reações e emoções são individuais e está tudo bem não se sentir entusiasmada com a chegada do bebê, afinal é um período desafiador. Provavelmente ocorrerão mudanças corporais, você poderá interromper projetos e é normal se sentir estressada, frustrada ou com medo.
Embora, segundo os especialistas, o maior fator de risco para o desenvolvimento de problemas de saúde mental durante esse período seja o histórico anterior de problemas mentais, fatores psicossociais podem contribuir, como cobranças durante esse período, gravidez não planejada, complicações durante a gravidez ou o parto, nascimento prematuro e internação do bebê, parto traumático, perda de um bebê, falta de apoio da família ou do parceiro. Além disso, o medo em relação à COVID-19, a insegurança de ter um parto nesse cenário, de se manter afastada, contribuem ainda mais.
O importante é que você, mãe, perceba a diferença entre a depressão e o cansaço. Afinal, a maternidade é cansativa. Por isso é importante contar com o apoio da família e dos amigos para perceber se o sintoma é permanente e está atrapalhando a rotina. Observe os sintomas que ocorrem. No caso de um problema mental, os sintomas mais frequentes são: tristeza, isolamento, dificuldade de interagir com o bebê, dificuldade para dormir, dificuldade de concentração, choro fácil, sentimento de infelicidade e, em casos mais graves, pensamentos suicidas.
Atenção, pois os homens também podem ser afetados – ainda que em menor escala –, principalmente pela dificuldade em lidar com a situação ou em buscar ajuda. Alguns estudos mostram que a ansiedade e a depressão com a descoberta da paternidade são bem equivalentes à das mulheres, no mesmo período. Os pais que desenvolvem depressão também desenvolvem dificuldade de interação com o bebê ou mesmo com a parceira.
Além disso, é importante ressaltar que a saúde mental perinatal (período de gestão e pós-parto) é fundamental para o estabelecimento da saúde mental do bebê e seu desenvolvimento em longo prazo.
O pré-natal muitas vezes é focado mais nos riscos relacionados à saúde física da mãe e do bebê. Mas é importante informar ao seu médico qualquer alteração de sentimentos e emoções que esteja prejudicando sua rotina, faça um acompanhamento. Os estudos mostram que mais da metade das mulheres com algum transtorno mental não procura os serviços de saúde por conta do estigma, além da falta de conhecimento e do medo de perder o bebê.
Deixe um comentário